O envelhecimento da população vem promovendo uma mudança estrutural na economia e no comportamento de consumo, impondo novos desafios às empresas que lidam com atendimento, crédito, relacionamento e experiência do cliente. Conhecida como Economia Prateada, a cadeia econômica formada por consumidores com mais de 50 anos deixou de ser um nicho e passou a ocupar uma posição central nas estratégias de negócios no Brasil e no mundo.
Dados da consultoria Data8 indicam que a população 50+ movimenta cerca de R$ 2 trilhões por ano no Brasil, o equivalente a 23% do consumo nacional de bens e serviços, com renda anual estimada em R$ 940 bilhões. No cenário global, a Economia Prateada já representa a terceira maior atividade econômica do mundo, com movimentação anual de US$ 7,1 trilhões.
As projeções demográficas reforçam a relevância desse movimento. Segundo a ONU, até 2050 o mundo terá 2,1 bilhões de pessoas com 60 anos ou mais. Em 2080, o número de pessoas com 65 anos ou mais deve superar o total de menores de 18 anos.
O Brasil acompanha essa curva em ritmo acelerado, com uma população que envelhece rapidamente e mantém elevado poder de consumo, sobretudo em serviços financeiros, crédito, renegociação de dívidas e saúde.
O avanço da Economia Prateada exige uma revisão do conceito de centralidade no cliente. Durante anos, empresas associaram essa estratégia à automação, digitalização e velocidade. Para o público 50+, no entanto, a prioridade está em respeito, clareza, previsibilidade e escuta ativa.
“O consumidor 50+ não rejeita a tecnologia, mas espera ser atendido com dignidade e consideração pela sua trajetória e responsabilidade financeira”, afirma Eric Garmes, CEO da Paschoalotto.
Canais de atendimento precisam combinar eficiência com empatia, oferecendo opções reais de contato e evitando a imposição exclusiva de jornadas digitais.
Para empresas que atuam com atendimento, crédito, cobrança e negociação, o desafio está em equilibrar escala operacional e sensibilidade humana. A aplicação de inteligência artificial e análise de dados deve servir para personalizar jornadas, identificar o momento financeiro do cliente e ampliar o acesso — sem romper o vínculo humano.
Organizações que se destacam nesse diálogo com o público 50+ costumam investir em:
Dados para personalização da jornada
Tecnologia como ferramenta de inclusão
Atendimento humanizado e empático
Multicanalidade verdadeira, respeitando a preferência do cliente
Esse equilíbrio impacta diretamente indicadores como engajamento, recuperação de crédito e fidelização.
Especialistas apontam que a Economia Prateada não é uma tendência pontual, mas um novo eixo estruturante da sociedade. Ignorar esse público significa perder relevância em um mercado no qual a longevidade se tornou um fator estratégico de competitividade.
À medida que o Brasil amadurece demograficamente, cresce também a responsabilidade das empresas de criar experiências que não apenas resolvam questões financeiras, mas promovam segurança, autonomia e dignidade ao consumidor maduro.
Nesse cenário, a centralidade no cliente começa — e se sustenta — pelo respeito.